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A biológica Laura van Holstein, aluna de doutorado em Antropologia no St. John's College, Universidade de Cambridge, uma das pesquisadoras da pesquisa publicada na Proceedings of Royal Society, descobriu que as subespécies de mamíferos desempenham um papel mais importante na evolução do que anteriormente se pensava. A pesquisa agora poderia ser usada para prever quais espécies os conservacionistas deveriam se priorizar em proteger para impedir que se tornassem ameaçadas ou extintas. Apenas para deixar claro, uma espécie é um grupo de animais que podem cruzar livremente entre si. Algumas espécies contêm subespécies - populações dentro de uma espécie que diferem entre si por terem características físicas diferentes e seus próprios intervalos de reprodução. As raposas vermelhas têm 45 subespécies conhecidas espalhadas por todo o mundo. Já os seres humanos não têm subespécies. Van Holstein chama a atenção que no capítulo 3 de Sobre a origem das espécies, Darwin disse que as linhagens (descendentes com modificação) de animais com mais espécies também devem conter mais 'variedades' ( variedade expressa aqui não conota o sentido de raças - que não se define como uma subespécie, neste caso, variedade, conota o sentido de mais subespécies). Subespécie é uma definição moderna. A pesquisa investigou a relação entre as espécies e o sortimento de subespécies provando que as subespécies desempenham um papel crítico na dinâmica evolutiva a longo prazo e na evolução futura das espécies. "E elas, as subespécies, sempre tem papel crítico na dinâmica evolutiva. Era isso que Darwin suspeitava quando definia o que realmente era uma espécie", afirma Van Holstein.


A antropóloga confirmou a hipótese de Darwin observando os dados coletados pelos naturalistas ao longo de centenas de anos - muito antes de Darwin visitar as Ilhas Galápagos a bordo do HMS Beagle. Sobre a origem das espécies, por meio da seleção natural, foi publicado pela primeira vez em 1859, depois que Darwin voltou para casa após uma viagem de cinco anos de descoberta. No livro, Darwin argumentou que os organismos evoluíram gradualmente através de um processo chamado "seleção natural" - geralmente conhecido como sobrevivência do mais apto. A pesquisa também provou que a evolução acontece de forma diferente em mamíferos (terrestres), mamíferos marinhos e morcegos (não terrestres) - devido a diferenças em seus habitats e diferenças em sua capacidade de andar livremente. O estudo descobriu que a relação evolutiva entre espécies e subespécies de mamíferos difere dependendo do seu habitat. As subespécies se formam, diversificam e aumentam em número de maneira diferente nos habitats não terrestres e terrestres, e isso, por sua vez, afeta como as subespécies podem eventualmente, por exemplo, se uma barreira natural como uma cadeia de montanhas se interpõe, ela pode separar grupos de animais e colocá-los em suas próprias jornadas evolutivas. Os mamíferos voadores e marinhos - como morcegos e golfinhos - têm menos problemas físicos. barreiras em seu ambiente". E mais, a pesquisa explorou ainda se a subespécie poderia ser considerada um estágio inicial de especiação - a formação de uma nova espécie. Ela disse: "A resposta foi sim. Mas a evolução não é determinada pelos mesmos fatores em todos os grupos e, pela primeira vez, sabemos o porquê, porque examinamos a força da relação entre a riqueza de espécies e a riqueza de subespécies. Nossa pesquisa atua como outro aviso científico de que o impacto humano no habitat dos animais não apenas os afetará agora, mas também afetará sua evolução no futuro".


Van Holstein explicou: "Os modelos evolutivos agora podem usar essas descobertas para prever como as atividades humanas, como a extração de madeira e o desmatamento, afetarão a evolução no futuro, interrompendo o habitat das espécies. O impacto nos animais dependerá de como sua capacidade de deslocamento ou alcance é afetada. As subespécies animais tendem a ser ignoradas, mas desempenham um papel central na dinâmica da evolução futura a longo prazo ". O próximo passo da pesquisa será examinar como suas descobertas podem ser usadas para prever a taxa de especiação de espécies ameaçadas e não ameaçadas. O estudo será publicado em breve! Aguardem!


Referência:

St John's College, University of Cambridge. "One of Darwin's evolution theories finally proved." Science. March 2020.



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Um estudo liderado por Christina Schroeder, do Instituto de Biociência Molecular da UQ, traz uma excelente notícia ao descobrir que Moléculas no veneno da caranguejeira (Haplopelma schmidti) podem ser usadas como uma alternativa aos analgésicos opióides ("semelhante ao ópio", para efeitos parecidos com o da morfina) para pessoas que buscam alívio da dor crônica.


Sua pesquisa trás uma luz para a atual crise de opióides em todo o mundo, pois significa alternativas urgentes à morfina e drogas semelhantes à morfina, como fentanil e oxicodona, são desesperadamente necessárias. Schroeder disse que "Embora os opióides sejam eficazes na produção de alívio da dor, eles trazem efeitos colaterais indesejados, como náusea, prisão de ventre e risco de dependência. A pesquisa descobriu que uma mini-proteína no veneno de uma caranguejeira, conhecida como Huwentoxin-IV, se liga aos receptores de dor no corpo. Ao usar uma abordagem tripla no projeto de drogas que incorpora a mini-proteína, seu receptor e a membrana circundante do veneno da aranha, alteramos essa mini-proteína, resultando em maior potência e especificidade para receptores específicos de dor garantindo que a quantidade certa de mini-proteína se prenda ao receptor e à membrana celular que circunda os receptores da dor. O processo foi testada em modelos de camundongos e demonstrou funcionar efetivamente. "As descobertas segundo Schroeder potencialmente podem levar a um método alternativo de tratamento da dor sem os efeitos colaterais e reduzir a dependência de muitos indivíduos dos opióides para o alívio da dor".


REFERÊNCIA

Akello J. Agwa, Poanna Tran, Alexander Mueller, Hue N. T. Tran, Jennifer R. Deuis, Mathilde R. Israel, Kirsten L. McMahon, David J. Craik, Irina Vetter, Christina I. Schroeder. Manipulation of a spider peptide toxin alters its affinity for lipid bilayers and potency and selectivity for voltage-gated sodium channel subtype 1.7. Journal of Biological Chemistry, 2020; 295 (15): 5067 DOI: 10.1074/jbc.RA119.012281

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A nova pesquisa da Keck School of Medicine of USC na revista Science fornecem novas evidências de que mais de um grupo ancestral de primatas a partir do Oceano Atlântico partiram da África para o Continente Sul Americano. As evidências vieram de quatro dentes de primata fossilizados descoberto nas profundezas da Amazônia peruana.


De quem eram os dentes?


Pertenciam a uma espécie recém-descoberta de uma Família extinta de primatas africanos conhecida como Parapithecids. Anteriormente, fósseis descobertos no mesmo local no Peru já serviram como a primeira evidência de que macacos sul-americanos evoluíram de primatas africanos.


A nova espécie extinta foi chamada de Ucayalipithecus perdita. Ucayali - é o nome do local na Amazônia peruana, onde os dentes foram encontrados, Pithikos - palavra grega para macaco e Perdita, a palavra latina para perdido. Ucayalipithecus perdita teria sido um primata de pequeno porte, semelhante em tamanho a um sagui atual.



Dois dos dentes de Ucayalipithecus perdita foram identificados pelos co-autores argentinos do estudo em 2015, mostrando que os macacos do Novo Mundo tinham antepassados ​​africanos. Foi então solicitado a Seiffert que ajudasse a descrever esses espécimes em 2016. Neste momento ele notou a semelhança dos dois molares superiores com uma extinta espécie de macaco Parapithecid de 32 milhões de anos encontrada no Egito que ele estudara anteriormente.


Em 2016 uma nova expedição ao local fóssil do Peru levou à descoberta de mais dois dentes pertencentes a essa nova espécie. Foi aí que a confirmação de Seiffert se deu ao constatar que Ucayalipithecus era descendente de ancestrais africanos devido a semelhança desses dentes inferiores comparado com os dentes de macaco egípcio.


Como se deu essa viagem?

Uma teoria é de que esses primatas tenham feito a viagem de mais de 1300 quilômetros em jangadas flutuantes de vegetação que durante uma tempestade possivelmente se desprendiam do litoral africano. Erik Seiffert, principal autor do estudo diz que essa é uma descoberta única. "A pesquisa nos mostra que, além dos macacos do Novo Mundo e de um grupo de roedores conhecidos como Caviomorfos - existe essa terceira linhagem de mamíferos que, de alguma forma, nos mostrou que a improvável jornada transatlântica não era impossível".


Quando ocorreu a Migração?


Com base na idade do local onde os dentes foram encontrados (época geológica conhecida como Oligoceno) e na proximidade do Ucayalipithecus com seus parentes fósseis do Egito, os pesquisadores estimam que a migração possa ter ocorrido a cerca de 34 milhões de anos atrás.


Segundo Seiffert, o mais impressionante é o fato de num sítio remoto no meio do nada, as chances de encontrar essas peças eram extremamente pequenas! Diz ainda: "O fato de estarmos revelando essa jornada improvável que foi feita por esses primatas ancestrais, é bastante notável."


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Referência:

  1. Erik R. Seiffert, Marcelo F. Tejedor, John G. Fleagle, Nelson M. Novo, Fanny M. Cornejo, Mariano Bond, Dorien De Vries, Kenneth E. Campbell Jr. A parapithecid stem anthropoid of African origin in the Paleogene of South America. Science, 2020 DOI: 10.1126/science.aba1135

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