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O desastre nuclear de Chernobyl, ocorrido em 1986 na antiga União Soviética (atual Ucrânia), é considerado um dos piores da história. A explosão do reator 4 liberou uma quantidade significativa de materiais radioativos, tornando o local inóspito para humanos e alterando radicalmente o ecossistema. Elementos como césio-137 e estrôncio-90 contaminaram o solo e a água, emitindo radiação ionizante que afeta o DNA e o metabolismo celular de organismos vivos. Apesar disso, algumas espécies surpreenderam os cientistas ao demonstrar capacidade de adaptação, como a perereca-da-árvore oriental (Hyla orientalis).



Antes do acidente, esses anfíbios exibiam uma coloração verde, característica das populações de áreas não contaminadas. No entanto, mais de 30 anos após o desastre, muitos indivíduos na Zona de Exclusão apresentam uma coloração de pele significativamente mais escura, tendendo ao preto. Essa mudança não foi aleatória ou estética, mas uma adaptação que permite maior proteção contra os efeitos da radiação ionizante.

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Crédito da imagem: P. Burraco e G. Orizaola, Evolutionary Applications 2022 (CC BY 4.0)


O pigmento responsável por essa transformação é a melanina, uma substância que protege contra diversas formas de radiação, incluindo a ionizante. Nas pererecas de Chernobyl, a melanina funciona como um "escudo químico", neutralizando radicais livres e reduzindo os danos ao DNA. Isso aumenta a sobrevivência e a reprodução de indivíduos mais escuros, levando à perpetuação dessa característica nas gerações seguintes.


Pesquisadores começaram a estudar essas pererecas mais intensamente em 2016, quando identificaram exemplares de H. orientalis com coloração escura em lagos dentro e fora da Zona de Exclusão. Após três anos de análise, mais de 200 indivíduos foram avaliados, e os resultados confirmaram que a coloração mais escura é predominante nas áreas mais próximas à explosão, onde os níveis de radiação eram mais altos.


Essa adaptação é vista como um exemplo de evolução rápida. Indivíduos com menos melanina, portanto mais vulneráveis aos efeitos da radiação, tiveram menor chance de sobreviver e se reproduzir, enquanto os de pele mais escura prosperaram. Além da coloração, é provável que outras mudanças fisiológicas e comportamentais também tenham ocorrido para ajudar esses anfíbios a se adaptarem ao ambiente hostil de Chernobyl.


Embora a Zona de Exclusão continue inabitável para humanos e a previsão de segurança total na área seja de milênios, a natureza encontrou formas de se adaptar. A presença das pererecas e outras espécies no local demonstra a resiliência da vida selvagem diante de condições extremas. Pesquisas futuras poderão esclarecer os mecanismos genéticos que possibilitaram essa transformação nas pererecas e explorar os impactos a longo prazo da radiação sobre os ecossistemas da região.


Este fenômeno de adaptação destaca a complexidade da evolução e a importância da

biodiversidade na manutenção dos ecossistemas, mesmo em cenários de extrema

adversidade. A capacidade das pererecas de Chernobyl de se ajustarem às condições extremas do ambiente radioativo é uma evidência impressionante de como a vida se transforma para sobreviver.


Texto: Douglas Siqueira. Equipe Bioconservation.


Referência bibliográfica:

Burraco, P., & Orizaola, G. (2022). Ionizing radiation and melanism in Chornobyl tree frogs. Evolutionary Applications, 15, 1469–1479. https://doi.org/10.1111/eva.13476

 
 
 

Um novo estudo atribuiu aos Lobos-etíopes (Canis simensis) um papel até então desconhecido para a espécie. Eles foram registrados consumindo o néctar de uma flor nativa, acumulando pólen em seus focinhos enquanto se alimentavam lambendo a inflorescência da planta. De acordo com o artigo publicada na revista Ecology, esse comportamento pode fazer deles os primeiros mamíferos pertencentes a Ordem Carnivora conhecidos a desempenhar o papel de polinizadores. Essa espécie é considerada o canídeo selvagem mais raro do planeta e enfrenta um alto risco de extinção, com uma população estimada em menos de 500 indivíduos em toda a África.


O termo utilizado para esse tipo de polinização por mamíferos não voadores é terofilia. Mamíferos que atuam como polinizadores geralmente são de pequeno a médio porte e, muitas vezes, possuem hábitos arborícolas. No entanto, mamíferos carnívoros que consomem néctar são extremamente raros, representando apenas quatro das 343 espécies de mamíferos reconhecidas como polinizadores potenciais em uma revisão publicada em 2015.


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O artigo relata a visitação às inflorescências do atiçador vermelho etíope (Kniphofia foliosa) por um grande carnívoro, o lobo etíope (Canis simensis), nas Montanhas Bale do sul da Etiópia. Lobos foram observados forrageando por néctar em flores de K. foliosa, que depositaram uma quantidade relativamente grande de pólen em seus focinhos, sugerindo que eles poderiam contribuir para a polinização.


Além desse registro importantíssimo, o que está em jogo aqui é interação animal-planta que pode futuramente deixar de existir caso Os lobos-etíopes (Canis simensis) deixem de existir. Não posso deixar de citar aqui as palavras de Daniel Janzen: O que escapa aos olhos é uma forma muito mais perigosa de extinção - a extinção das interações ecológicas”.


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Biólogo Rafael C. Moura


Ref. Canids as pollinators? Nectar foraging by Ethiopian wolves may contribute to the pollination of Kniphofia foliosa. Sandra Lai, Don-Jean Léandri-BretonAdrien LesaffreAbdi SamuneJorgelina MarinoClaudio Sillero-ZubiriFirst published: 19 November 2024

 
 
 

George Washington Carver foi botânico, inventor, cientista e agrônomo americano que se destacou principalmente por suas contribuições à agricultura e pela promoção da sustentabilidade no cultivo de alimentos. Nascido em 1864, em uma época marcada pela escravidão nos Estados Unidos, Carver enfrentou inúmeros desafios para acessar educação e oportunidades. Apesar disso, ele se tornou um dos cientistas mais respeitados de sua época, dedicando sua vida ao estudo e à aplicação prática da ciência em prol da melhoria das condições de vida das comunidades rurais, especialmente agricultores afro-americanos no sul dos EUA.


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Uma de suas maiores contribuições foi a promoção do uso de culturas alternativas, como amendoim, batata-doce e soja, em substituição ao algodão. Essas culturas não apenas enriqueceram o solo desgastado pela monocultura, mas também diversificaram as opções de sustento para os agricultores. Carver desenvolveu mais de 300 produtos derivados do amendoim, incluindo óleos, tintas e cosméticos, além de criar mais de 100 produtos à base de batata-doce. Ele acreditava que a ciência deveria ser acessível e prática, oferecendo soluções para problemas reais e ajudando comunidades carentes a prosperar.


Mais do que um cientista brilhante, George Washington Carver foi um visionário humanitário. Ele rejeitou a busca por riqueza pessoal, dedicando sua vida à educação e à melhoria das condições de vida dos mais vulneráveis. Trabalhando no Instituto Tuskegee, inspirou gerações de estudantes e agricultores a valorizar a ciência como ferramenta para transformação da realidade na época. Seu legado transcende as fronteiras da agricultura, simbolizando a capacidade da inovação científica de promover a sustentabilidade.


Gostaram? Curtam e comentem a sua opinião sobre esse grande cientista.

Um forte abraço e até a próxima!



 
 
 

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